Como a Situação Econômica do Brasil Pode Afetar Seus Investimentos

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Você acha que a situação econômica atual deve interferir na sua carteira de investimentos? Poucos especialistas abordam o assunto. Normalmente é avaliado o perfil do investidor e seus objetivos, porém, deveríamos também considerar a situação econômica para escolher os ativos para nossa carteira?

Isso não é algo muito simples.

A situação econômica do Brasil e do mundo é alterada a um determinado período de anos.

Hora vai bem, hora vai mal.

Por isso que é difícil ficar montando carteiras de investimentos com base no cenário econômico.

Ao mesmo tempo, podemos aproveitar algumas brechas da economia para aumentar sua rentabilidade.

É complicado medir a questão de:

  1. Manter uma carteira fixa, que tenha uma proteção forte contra todos os cenários econômicos ou;
  2. Uma carteira mais flexível, que possa se beneficiar das discrepâncias geradas pelo mercado.

Continue lendo este artigo para descobrir como administrar sua carteira.

Como A Situação Econômica Interfere Na Sua Carteira

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Não há como negar que a economia e até mesmo a condução política interfere na rentabilidade de todos nossos investimentos.

Seja de modo negativo ou de modo positivo, ela interfere.

Eles interferem em diversos setores do mercado, podendo alterar fortemente a rentabilidade de ativos atrelados ao Ibovespa, ao Dólar, à Inflação, ao CDI, entre outros.

A economia e o governo podem interferir em tudo.

Fora algumas situações macroeconômicas, que também poderão variar a bolsa e outros ativos como o ouro.

Estamos acostumados e ver em dezenas de milhares de lugares recomendações “receita de bolo” para a montagem de uma carteira.

70% em Renda Fixa, 30% em Bolsa.

Sou contra estas receitas prontas? Não.

Sou a favor destas receitas? Também não.

Sou contra estas receitas simples, com poucos ativos/índices.

Problema de quem passa essas receitas é a falta comprometimento com quem está lendo.

Somente renda fixa e bolsa? Quanto ao Dólar, Ouro, Fundos Imobiliários, Imóveis?

É responsabilidade de quem monta uma carteira, ou até mesmo faz uma simples sugestão, falar sobre estes ativos. Explicar o que é uma boa diversificação.

Fato é que se você quer deixar sua carteira em piloto automático, você é obrigado a ter os mais diversos ativos em sua carteira.

Se você é uma pessoa que não quer ficar lidando com o mercado o tempo inteiro, sinto lhe informar, mas você vai ter que aprender muito sobre diversos ativos e investir nestes ativos.

Para você entender melhor o motivo de eu afirmar isso, veja meu argumento abaixo.

O Motivo de Eu Estar Escrevendo Sobre Situações Econômicas.

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Normalmente não escrevo qual o melhor investimento para o momento.

Gosto sempre de comentar sobre investimentos focando em objetivos e no longo prazo.

Mas a situação que vivemos é um pouco diferente.

Acho que conhecer e entender a situação econômica que você está inserido é importante para proteção e aumento de rentabilidade.

No momento que escrevo este artigo, o Brasil está enfrentando uma das suas piores crises desde a criação do Plano Real.

Veja alguns indicadores para compreender nossa situação (para entender melhor alguns dos indicadores abaixo, recomendo a leitura deste artigo).

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De 2014 para 2015, a inflação subiu 67%.

PIB saiu de uma alta tímida de +0,1% em 2015 para uma queda horrorosa de -3,7% em 2015.

A taxa de juros básica aumentando 21%.

Não está fácil.

Ainda em 2015, CDI teve um resultado de 13,23%.

Ibovespa despencou -13,31%.

Poupança na casa dos 8%.

Enquanto isso, Dólar aumentou 45%.

O euro cresceu 31%.

E o Ouro 34%.

Isso somente em 2015.

Não entendo como ainda tem gente que recomenda uma carteira de investimentos tão simples, contemplando somente renda fixa e bolsa.

Ser adepto de uma carteira fixa de investimentos não é nenhum pecado.

É na verdade muito comum.

O que você precisa é estar preparado para TODOS os cenários possíveis que possamos enfrentar.

Você precisa de uma carteira que tenha Renda Fixa, Bolsa, FII’s, Dólar, Euro, Ouro e imóveis no mínimo.

Com um portfólio assim você poderá descansar tranquilo e estar preparado para quando estivermos numa crise ou em pleno crescimento.

Pense bem na sua carteira de investimentos.

Acredito que se até agora você ainda não tenha certeza se é melhor aproveitar as situações econômicas para lucrar um pouco mais ou deixar seu portfólio em piloto automático em qualquer situação.

Normal.

Ainda não respondi isso.

Se você perguntar pra mim, acho imprescindível ter uma carteira com a maior parte da alocação fixa.

Determinar onde 90% dos seus recursos serão destinados, não importa o cenário econômico.

Os outros 10%, acredito que possam ser usados para procurar ganhos com a situação econômica atual.

Porém, isso só é indicado para quem tem um ótimo conhecimento de economia ou então um consultor.

Se você quer ver um exemplo real de como utilizar da situação econômica para ganhar dinheiro, vou descrever a situação que temos hoje e como você pode ganhar mais com isso.


 

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O Brasil Hoje Fev/2016.

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Pra você entender o que é aproveitar a crise para ganhar mais dinheiro ou para pelo menos proteger mais seu capital, vou exemplificar.

É claro, não será algo tão simples. Você entendendo um pouco de economia já vai conseguir entender tudo que vou explicar.

Mas vai exigir um pouco mais de esforço para acompanhar o raciocínio.

Hoje, o Brasil está numa situação complicada.

A Dívida Pública Federal do Brasil está fora de controle. Fora o aumento exponencial do aumento da dívida, como mostra o gráfico abaixo retirado do site do G1.

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Saímos de 1,1 Trilhão de reais em 2004 para 2,79 Trilhões em 2015.

O crescimento puro da dívida não seria um problema, se houvesse o crescimento também do PIB e arrecadação.

Um gráfico ainda mais interessante é o aumento de despesas com juros por conta dessa dívida.

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Um aumento extremamente gigantesco no gasto com juros.

O maior problema ainda é a meta fiscal de 2015.

Para você entender o que é a meta fiscal, o Brasil, assim como você e a sua família, tem receitas e despesas.

Assim, também como sua família, o governo tem que garantir que o Brasil tenha mais receitas do que despesas.

Caso contrário, fica inviável conviver por muito tempo gastando mais do que arrecadando.

Para garantir essa receita maior que as despesas, o governo estipula um percentual do PIB para ter menos despesas que arrecadações, nascendo assim, a meta fiscal.

A meta fiscal é exatamente esse percentual que o governo estipula para ter de ganho real, antes do pagamento dos juros, para garantir que vai conseguir pagar estes juros (sim, aqueles juros absurdos que mostrei).

A meta fiscal do governo era de +1,2% do PIB (quando as arrecadações são maiores que as despesas, é chamado de Superávit).

Porém, o que ocorreu na prática foi um Déficit (quando há mais despesas que receitas) de -2% do PIB, aproximadamente.

Pense agora você e a sua família, que já está atolada em dívidas de cheque especial e empréstimos.

No final do ano, você descobre que gastou mais do que ganhou de salário. Não tem dinheiro nem para pagar os juros da dívida que já contraiu.

Vai pegar ainda mais empréstimo para pagar os juros.

Isso é insustentável.

Uma hora essa bola de neve vai bater na porta.

Veja que o governo ainda estipulou uma Dívida Pública Federal (DPF) menor que a realizada.

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A Dívida era para ficar entre 2,45 e 2,60 trilhões, mas acabou ficando em 2,79. O que fizeram?

Mudaram a estimativa. Mais fácil.

Veja ainda que em 2016 a estimativa do governo é de ficar entre 3,1 e 3,3 Trilhões.

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Acha que conseguirão atingir a meta?

Não atingiram no ano passado.

Não conseguirão atingir a de inflação (como no ano passado que a meta era 4,5% e a inflação foi de aproximadamente 10,5%).

Meta Fiscal estipularam em +1,2% do PIB acabou sendo -2%.

Arrisco dizer que a Dívida Pública Federal vai ultrapassar os 3,3 trilhões.

O que esperar de uma família, que tem dívidas até o pescoço, gasta mais do que arrecada todo ano, sem conseguir enxergar um horizonte para aumentar receita ou diminuir despesa?

Acredito que você pensou em falir.

Estou dizendo então que o Brasil vai falir?

Na verdade o Brasil tem mais soluções do que sua família ou uma empresa antes de quebrar ou dar um calote.

Pode ter certeza que se o Brasil fosse uma empresa de verdade, o governo já teria quebrado.

A saída mais lógica é diminuir o gasto público, mas acho difícil o governo conseguir isso.

Há sim outras maneiras de tentar se livrar da dívida.

Mas a mais provável é a saída “simples” de todas: emitir mais dinheiro!

Imprimir dinheiro e pagar a dívida. Simples assim!

Mas essa impressão vem com um custo.

E um custo muito caro.

Não digo o custo do papel para ser impresso não. Digo o custo de uma superinflação.


 

A Superinflação Que Está Por Vir

A inflação irá estourar, talvez não com a mesma força que havia antes do plano real, mas você pode esperar uma grande pancada.

Para você se proteger hoje mesmo, você deve se proteger com ativos que sigam o IPCA.

Se escondendo atrás de ativos que seguem o IPCA você estará se protegendo dessa superinflação.

Você ainda se pergunta se deve fazer isso ou não?

Vou tentar dar o “empurrãozinho” que você precisa. Veja abaixo.

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A imagem dos estoques do tesouro segue a preferência das novas vendas que foram feitas em 2015 de tesouro direto.

Veja que as vendas de IPCA representaram 59,1% de todas as vendas do tesouro direto.

Quer se convencer mais?

Ok. Veja as vendas anuais do tesouro em 2015.

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As vendas de tesouro direto aumentaram de 4,9 para 14,4 bilhões de reais de 2014 para 2015.

Um salto de 194% de um ano para o outro!

Faça essa pergunta para você mesmo.

Qual a razão das vendas terem aumentado 194% de um ano para o outro e as vendas atreladas ao IPCA representaram 59,1%?

A resposta é a explicação que dei anteriormente.

Já há diversas pessoas querendo se proteger dessa inflação que está por vir.

Espero que você não fique pra trás.

Aproveite. 🙂


 

Conclusão

Acho sim que vale a pena fazer uma alteração no seu portfólio de investimentos de acordo com a situação econômica do país.

Porém, uma pequena parte da sua carteira. Algo próximo dos 10%.

Como o exemplo que dei, investindo em IPCA para conseguir se proteger do que está por vir.

Os fatos já foram esclarecidos.

Uma dívida pública fora de controle, juros absurdamente altos, governo estipulando uma meta fiscal de 0,5% (o que é difícil de conseguir) onde o governo enfrenta problemas com a oposição para aumentar a receita através de impostos e não quer queimar a imagem reduzindo despesas com as únicas partes que ainda o apoiam, não muitas outras saídas além da superinflação.

Vale a pena você começar a estudar um pouco de economia e acompanhar os noticiários das mais diversas mídias para aproveitar alguns ganhos no curto prazo.

Agora se você odeia o assunto, vale mais a pena contratar alguém para fazer uma carteira sólida para você.

Onde você esteja protegido de todos os cenários possíveis.

Um grande abraço!


 

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Consultor de Investimentos ANBIMA e Investidor Profissional, Matheus Lange possui a Certificação CEA, é pós-graduado em finanças e auta como Consultor Financeiro desde 2015. É apaixonado e atuante do mercado financeiro há mais de 10 anos.

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